Unidavi faz campanha de conscientização sobre acidentes de trânsito

Durante o mês de maio, a Unidavi aderiu à campanha Maio Amarelo, que tem como proposta chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. Como parte das ações, uma moto e um carro batidos foram colocados em dois pontos da instituição, junto com banners que traziam dados alarmantes registrados na região do Alto Vale do Itajaí.

De acordo com a Prof.ª M.ª Michela da Rocha Iop, coordenadora do Grupo de Trabalho em Saúde e Cidadania, que lançou a campanha, as ações tinham como objetivo sensibilizar as pessoas que passam pela Unidavi. “Nós temos o Alto Vale inteiro circulando aqui, indo e vindo todo dia, para estudar, para trabalhar. Então, nos preocupamos em cuidar dessas pessoas e queremos ter todas elas estudando, trabalhando e vivendo bem”, explica ela.

Prof.ª M.ª Michela da Rocha Iop, coordenadora do GT em Saúde e Cidadania

Conforme informações do 13º Batalhão de Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram 2.823 acidentes atendidos em 2017 e 2018 no Alto Vale do Itajaí, com 147 vítimas fatais, das quais sete eram alunos da Unidavi.  

Um deles era o acadêmico de Administração da Unidavi Luiz Gustavo Amancio, que se envolveu em um acidente no dia 21 de outubro de 2018. De acordo com o irmão e acadêmico de Direito da Unidavi Paulo Ricardo Amancio, de 24 anos, a vida dos familiares da vítima também é devastada.

O acadêmico Paulo Ricardo Amancio perdeu o irmão em um acidente de trânsito em outubro de 2018

“Uma tragédia dessas acaba com tudo: com a vida da casa, com a vida dos teus pais e da tua família. Eu entro no rancho da minha casa hoje e não há mais vida. Nossa rotina é arrumar uma ocupação para tentar espantar esses pensamentos que são diários”, relata ele.

A acadêmica de Ciências Contábeis da Unidavi, Vanessa Nardelli Passadori da Luz, de 33 anos, também teve a vida recentemente afetada por dois acidentes de trânsito. No início de dezembro de 2018, ela sofreu um acidente em Rio do Sul, quando um veículo colidiu com o carro que ela dirigia. “Foi muito rápido, não dá pra ter reação. Depois comecei a ter taquicardia e aumentou minha pressão. Por sorte, eu tive apenas escoriações. No outro veículo havia três passageiros e uma das ocupantes precisou ser encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento. Mas todos sobreviveram”.

Pouco tempo depois, outro acidente de trânsito iria afetar de forma ainda mais drástica a vida de Vanessa: seu pai e professor do curso de Ciências Contábeis da Unidavi, Geraldo Passadori, faleceu em 4 de fevereiro de 2019, em decorrência de um acidente de trânsito no Km 140 da BR 470, em Rio do Sul,  no final de janeiro.

“O meu acidente foi à noite, o que pode ter contribuído para o ocorrido. Mas o acidente que envolveu meu pai foi muito estranho, pois ocorreu ao meio dia, próximo de uma lombada redutora, com fluxo constante de veículos. O condutor do outro veículo não estava sob efeito de álcool nem de drogas e, aparentemente, não estava em alta velocidade, já que nas fotos da Polícia Rodoviária você não vê marcas de frenagem na pista. Foi pura distração: ele apenas puxou o volante e invadiu a pista contrária. O condutor não sabia dizer o que havia acontecido”, lembra ela.

Acidente de trânsito que envolveu o pai de Vanessa, professor Geraldo Passadori, em janeiro de 2019

Uma desatenção que desestruturou a família. “A consequência dessa distração é que eu perdi meu pai, a minha mãe perdeu o marido, a Unidavi perdeu um professor que recém tinha feito o Mestrado. E foi tudo num instante. Eu nunca mais ouvi mais a voz dele”, relata Vanessa.

A acadêmica Vanessa Nardelli Passadori da Luz com a irmã e a mãe (da direita para a esquerda)

Mesmo quem sobrevive a um acidente, pode sofrer as consequências para o resto da vida. É o caso do acadêmico do curso de Direito da Unidavi e colaborador da instituição, Tainan de Miranda da Silva, de 30 anos.

“O meu acidente foi em 2011, na estrada Blumenau, aqui em Rio do Sul. Foi um acidente bem grave. Eu estava de moto e alguém bateu atrás de mim quando eu estava chegando em casa. Tive que ir para o Hospital, fiquei 48 dias em coma e cerca de  dois meses na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)”, lembra ele.

O acadêmico de Direito Tainan de Miranda da Silva sofreu um grave acidente de trânsito em novembro de 2011

Depois que retornou para casa, Tainan não conseguiu mais retomar a rotina: ficou três anos em processo de recuperação e apenas em 2016 é que voltou a trabalhar. Mas além de todas as sequelas físicas, o acidente também deixou outras marcas.

“É muito difícil, porque você está tendo uma vida normal e de repente tudo é tirado de você. Você não consegue falar, não consegue gesticular, fica preso no próprio corpo. Todos os seus planos foram interrompidos. Além disso, dois dias antes do acidente eu descobri que minha esposa estava grávida. Ou seja, eu quase não acompanhei a gravidez”, lamenta Tainan.

Aprendizados

Para todos que foram impactados por um acidente, fica a reflexão: no trânsito, estamos o tempo todo colocando nossa vida e a vida dos outros em risco.

“Eu acho que as pessoas têm que ter a consciência de que no trânsito você precisa ter cuidado com a sua vida e a vida das outras pessoas. Se você causar um acidente no trânsito não é só a vida da vítima que você vai impactar: você impacta uma família inteira. Eu sei isso por experiência própria”, destaca Tainan.

“Excesso de confiança é algo mortal no trânsito. A direção defensiva é algo que deve ser ensinado nas formações de condutores, pois ela é primordial para  você dirigir bem, antecipar os movimentos dos outros, e saber dirigir em comunidade. Precisamos nos respeitar, ter cuidado, porque uma distração tirou a vida do meu pai. E é diário o impacto para quem perde uma pessoa”, destaca Vanessa.

“Eu posso sair hoje de carro e não saber se eu vou chegar no meu destino. Não sabemos se vamos ter outra chance para fazer aquela curva, para não beber e dirigir. Às vezes a vida não vai dar uma segunda oportunidade. É só aquela ali mesmo: aquela vez que você poderia ter dormido no hotel, ter dormido na carro, aquela vez que não precisava ter saído. Nem sempre teremos mais uma chance”, conclui Paulo.

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