Há algumas décadas, se discute a necessidade e urgência da adoção de novos modelos pedagógicos na educação superior no Brasil, com o objetivo de melhorar o processo de aprendizagem e tornar o ensino mais significativo aos estudantes.
Nesta perspectiva, a Resolução nº 03 de 20 de junho de 2014, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos cursos de graduação em Medicina, indicou que os cursos no país organizassem projetos pedagógicos centrados no aluno como sujeito da aprendizagem e para isso, utilizassem as metodologias ativas. Sendo esse, inclusive, um dos critérios para aprovação de novas graduações em Medicina, por parte do Ministério da Educação (MEC).
As universidades que possuíam o curso de Medicina há mais tempo e ainda usavam o método tradicional, tinham prazo até o final de 2018 para organizarem as adequações curriculares necessárias para atender às novas diretrizes. O curso de Medicina da Unidavi, aberto em 2017, iniciou já com as novas metodologias.
“Nós entendemos que era melhor começar usando metodologias ativas. Para tanto, nossos docentes foram capacitados com o mesmo formato das metodologias ativas que iriam utilizar desde o início do curso”, salienta o Professor Doutor Augusto Fey, coordenador do curso de Medicina da Unidavi.

Mas o que são as metodologias ativas e quais as vantagens?
As metodologias ativas propõem um modo de construção de conhecimento diferenciado, onde o ator principal é o aluno. Dessa forma, o acadêmico vai, através de vários instrumentos, entre eles o professor (tutor), buscar conhecimentos. A proposta visa oferecer um processo mais completo e efetivo de ensino.
As metodologias ativas podem ser aplicadas em diversos formatos. Os mais conhecidos são: Aprendizagem Baseada em Problemas, Aprendizagem Baseada em Projetos, Aprendizagem entre Times ou Pares e Sala de Aula Invertida.
No curso de Medicina da Unidavi, o conceito usado é o Aprendizado Baseado em Problema (PBL), formato que nasceu no Canadá, na década de 70, e que propõe uma organização pedagógica em torno de problemas, e não de disciplinas. Com isso, a forma como os alunos se apropriam do conteúdo (com a mesma carga horária que as graduações tradicionais) é mais segmentada, permitindo que os temas se relacionem, fazendo muito mais sentido para o acadêmico.
1 – Interdisciplinaridade
Dessa forma, uma das vantagens oferecidas pelas metodologias ativas no processo de ensino-aprendizagem é a interdisciplinaridade.
“Nós não temos, por exemplo, a disciplina de cardiologia. No método tradicional, essa disciplina é oferecida em um semestre ou em um ano, sendo esgotado todo conteúdo da especialidade em um período. Na metodologia ativa, o aluno estuda a ´disciplina´ durante os quatro anos, desde os módulos básicos até os mais avançados, fazendo ligações com outros conhecimentos. Isso proporciona uma oportunidade melhor de apropriação do conhecimento”, explica o Professor Doutor Augusto Fey, coordenador do curso de Medicina da Unidavi.

Outras metodologias ativas, como a problematização, por exemplo, também são utilizadas no decorrer do curso. “Dessa forma o aluno vê o problema na prática, como ele acontece na comunidade, e tem a oportunidade de dar significado real aos conhecimentos teóricos”, ressalta o professor Augusto.
2 – Estímulo à autonomia do estudante
O que define as Metodologias Ativas é o protagonismo do aluno no processo de aprendizagem. O acadêmico é estimulado a buscar de forma autônoma os conhecimentos, e o uso de um roteiro impede que ele fique perdido. Tudo é muito planejado, de modo que o aluno precisa atingir pontos e objetivos de conhecimento, para então, ao final de cada módulo, alcançar conhecimento suficiente para seguir adiante no curso. Isso, claro, sempre através do estudo e esforço do próprio aluno, direcionado e orientado por várias ferramentas, dentre elas o tutor.
“Tendo essa tutoria do professor, dizendo os temas, quais os objetivos do estudo, e indicando algumas fontes, o acadêmico vai ter um universo de conteúdos para estudar através de diversos meios (vídeos, livros, aulas online) e isso vai expandir muito o conhecimento dele e também habilidades como a proatividade e a iniciativa, que são essenciais na profissão do médico”, enfatiza o acadêmico da quarta fase do curso de Medicina da Unidavi, Guilherme Coan Volpato.

Para ele, tal mudança de perspectiva, inclusive, pode causar um incômodo inicial nos estudantes acostumados com o método tradicional.
“No começo era tudo novo, tanto para mim quanto para os meus colegas. Teve bastante aluno acostumado com aula expositiva que teve uma certa dificuldade na adaptação, que sentiu um vazio em relação ao conteúdo, que queria mais conteúdo por parte dos professores. Porém, isso foi apenas no início. A partir de certo momento, todos os alunos acabam se adaptando às metodologias ativas e, às vezes, sem perceber, eles vão para uma aula, exposição ou conferência expositiva e realmente sentem falta das metodologias ativas. É uma situação bastante comum para os alunos que já estão acostumados com as metodologias ativas”, esclarece Guilherme.
3 – Estudo individualizado
As metodologias ativas oferecem vários meios e formas para que os alunos consigam obter o mesmo aprendizado de um modo quase que individualizado, oportunizando o acesso ao conteúdo do jeito de cada um. A intenção é que o acadêmico não pare no que o professor/tutor transmite, mas, a partir daí, utilize as diversas ferramentas do método para aumentar a aquisição e compreensão de conteúdo.
“O professor age como tutor, ele direciona a tutoria, para onde temos que ir. E nós, individualmente, realizamos a pesquisa para depois socializamos com a turma e com o professor. E o interessante é que cada aluno tem seu jeito de estudar: alguns estudam por material audiovisual, outros por livros, ou seja, buscamos fontes diferentes. E, no final das contas, todos agregam uns aos outros com conteúdo”, afirma o acadêmico Guilherme Coan Volpato.

4 – Colaboração entre os estudantes
De acordo com Guilherme, dessa forma, o método propicia uma colaboração muito maior entre os estudantes. “A relação dos alunos muda totalmente, porque no método tradicional os alunos acabam, inevitavelmente, disputando entre si, pelo sistema de notas. E a diferença das metodologias ativas é que elas trabalhas através de contribuições, debates e sempre com estudo individual e debate coletivo, onde um coopera com o outro”, relata ele.

5 – Forma de avaliação personalizada
Outra vantagem do uso das metodologias ativas é a garantia de uma avaliação mais personalizada. “Na metodologia tradicional, os alunos são medidos com a mesma régua e hoje sabemos que cada pessoa tem um jeito diferente de aprender. Alguns aprendem melhor visualmente, outros auditivamente, por exemplo. Enfim, se todos na sala de aula forem tratados como iguais, vamos observar rendimentos diferentes. Deste modo não podemos dizer que aquele aluno seja menos inteligente que o outro. O que ocorre é que o método tradicional atinge melhor um aluno do que o outro”, explica o Professor Doutor Augusto Fey, coordenador do curso de Medicina da Unidavi.
Além disso, nas metodologias ativas, os acadêmicos estão sendo avaliados continuamente. “Principalmente durante as tutorias, que é onde há o maior debate entre os assuntos, o professor está constantemente avaliando o aluno, sem estar interferindo”, salienta o acadêmico da quarta fase de Medicina da Unidavi Guilherme Coan Volpato.

6 – Horizontalidade do conhecimento e conteúdo atualizado
Outro benefício da utilização das metodologias ativas em sala de aula é a horizontalidade que há na relação do professor/tutor com os alunos.
“O aluno vai ter sempre um bom acesso ao professor, que vai auxiliar ele na obtenção do conteúdo, de fontes onde estudar, e que vai dizer se o acadêmico está indo para o caminho certo ou errado. Além disso, nas metodologias ativas a palavra do professor não é definitiva para tudo. O aluno sempre tem como a fonte mais confiável os livros”, comenta o acadêmico Guilherme.
Além disso, esse processo permite a atualização constante dos conteúdos. “Hoje a medicina está muito dinâmica, o que era prática há cinco anos, pode não ser hoje. E fazendo a pesquisa, tanto em livros quanto em artigos, nós sempre vamos ter a condição de obter uma fonte mais recente”, ressalta ele.
7 – Formação humanista e benefícios para a comunidade
As metodologias ativas podem transformar o ensino, formando profissionais diferenciados, completos e aptos para enfrentar o mercado de trabalho. No caso dos futuros médicos, esse diferencial vai impactar diretamente na qualidade de vida da população em que vão atuar, já que desde o início do curso, o aluno tem contato com pessoas da comunidade.
“No método ativo o aluno precisa ir para os ambulatórios da rede pública do Sistema Único de Saúde(SUS). Precisa ir para um cenário fora da instituição de ensino para conhecer a realidade da população. Então, desde o primeiro dia de curso, o aluno tem esse contato com a comunidade e vai aprofundando esta relação à medida que o conhecimento vai sendo construído. Deste modo, esperamos um aluno com habilidade para lidar com pessoas, já que essa condição será treinada durante os seis anos do curso. Se ele vai ser um bom médico ou melhor médico que o formado no método tradicional não dá para medir. Mas o aluno terá formação para se tornar um médico humanista e holista”, conclui o Professor Doutor Augusto Fey, coordenador do curso de Medicina da Unidavi.
“Já tive contato com profissionais formados tanto na metodologia tradicional quanto na metodologia ativa e com muitos alunos de fases avançadas e eles são unânimes: a metodologia ativa, sem dúvida, agrega muito mais que a metodologia tradicional. Por isso, a dica que eu dou para quem está iniciando ou vai iniciar o curso da Medicina na Unidavi é: acredite no método. Porque hoje eu posso constatar o quanto ele é construtivo”, finaliza o acadêmico da quarta fase do curso de Medicina da Unidavi, Guilherme Coan Volpato.

Para saber mais sobre como as Metodologias Ativas são aplicadas no curso de Medicina da Unidavi, acesse gratuitamente o e-book Metodologias Ativas – Como o método contribui para a formação em Medicina